domingo, 29 de agosto de 2010

Escolhas... A continuação

ROSANE

- Sua pele é tão macia, cheirosa. Teu olhar me fascina. Você é tão linda, Bella!
- Bella? Você me chamou de... Bella?
Rosane levanta-se da cama e diz:
- Vou te levar para casa.
Ela entrou no banheiro, seguida pela jovem.
- Não sou Bella.
- Eu sei. Me desculpe.
- Já se passaram 2 meses, e você ainda pensa nela?
Rosane não respondeu.
- Deveria esquecê-la, ela não te ama, eu sim.
- Já pedi desculpas.
- Não quero ir para casa. Quero ficar aqui com você.
- Não.
- Por favor!
- Júlia, já combinamos que você não dormiria fora de casa. Vou te levar.
- Mas não quero ir.
- Vem tomar banho comigo.
- Não mude de assunto. Não quero ir.
- Não insista. Você vai.
Júlia saiu do banheiro batendo a porta.
- Ela tem que esquecer Bella. Eu vou fazê-la esquecer.
Rosane deixa Júlia na casa de seus pais, e começa a dirigir sem destino pela cidade. Depois de algum tempo dirigindo, ela pára em frente à boate onde Bella trabalhou. Fica parada, olhando, e depois, estaciona o carro e entra.
Senta-se no bar, pede uma bebida, e observa a mulher que está dançando.
- Onde está “Peter Pan”?
- Está fazendo um lanchinho, volta já.
Rosane bebe, e continua olhando a moça, que dança sensualmente. “Peter Pan” chega.
- Oi, Dona Rosane! Quanto tempo! Tudo bem?
- Estou bem, e você?
- Como Deus manda.
- Diga-me, “Peter”, quem é a jovem no palco?
- É Melissa. Ela é nova aqui.
- Ela se parece com...
- Bella. É, todos dizem isso.
Rosane continua olhando para a jovem.
- Gostaria de conversar com ela. Pode nos apresentar?
- Posso apresentar vocês, mas ela não faz programas. Vem apenas para dançar.
- Tudo bem. Quero falar com ela assim mesmo.
Melissa acaba de dançar, e é chamada por “Peter Pan”, que a apresenta a Rosane.
- Estava olhando você. É muito linda! Mas creio que você já deve ter ouvido isso muitas vezes.
- Obrigada.
- Tímida? Adoro jovens tímidas!
Ficaram conversando durante algum tempo, e depois, foram para um motel.
- Dança pra mim, criança.
Melissa dançou e fez striptease.
- Vem aqui, minha menina. Deixe-me tocá-la.
A garota, muito envergonhada, fez o que Rosane pediu.
- Fique quietinha, vou tocar seu corpo.
Rosane começa a tocar o lindo corpo de Melissa. Beija-lhe o rosto, a boca...
- Ah, Bella! Que saudades!
- Bella?
- Shhh! Não fale.
Rosane possuiu aquela menina, como se estivesse possuindo Bella. Fez com Melissa, o que adorava fazer com ela. E por diversas vezes, falou:
- Ah, minha doce Bella!






Depois de deixar Melissa em sua casa, Rosane volta para o seu apartamento. O apartamento que ela havia dado de presente para Bella, que recusou, quando decidiu ficar com Alessandra.
Ela está na sala, sentada em um sofá e relembra o dia em que Bella contou-lhe sua decisão.

- Rosane, depois de pensar muito, tomei minha decisão.
- Sim, Bella. Fale.
Sentindo que Bella estava nervosa, angustiada, parecendo procurar as palavras, Rosane falou:
- Eu já sei o que decidiu. Você vai ficar com Alessandra. Não é isso?
- Sim. Eu a amo.
- Eu sei, minha doce Bella. Sempre soube.
- Será que você vai conseguir me perdoar?
Rosane se aproxima de Bella, e lhe toca o rosto.
- Não há o que perdoar. Eu só quero que você seja feliz.
Bella abraça Rosane.
- Obrigada!
- Amanhã mesmo me mudo para outro apartamento.
- Não! Você vai ficar aqui, este apartamento é seu.
- Eu comprei pra você. É um presente.
- Rosane, não quero viver aqui com Alessandra. Não vou me sentir bem, não é justo.
- Bella...
- Eu já decidi, não vou ficar aqui. Vou morar com Alessandra no apartamento dela. Se você quiser morar, vender, alugar... Ele é seu, faça o que quiser.
- É a sua última palavra? Tenho alguma chance de te convencer a mudar de ideia?
- É minha última palavra. Não tem chance.
- Está bem. Se é assim que você prefere, que assim seja. Bella gostaria de te pedir um favor.
- Claro! O que quiser!
- Faça amor comigo pela última vez.
Elas começaram a se beijar. Foram para a banheira, tomaram banho juntas e fizeram amor. Da banheira para a cama. Da cama, para o sofá. Do sofá para a mesa. Da mesa, de volta à cama.
- Bella, nunca se esqueça que eu te amo. Sempre e para sempre!
Bella sorriu, pois, Rosane disse a mesma frase que ela e seu irmão costumavam dizer.
Bella dormiu. Rosane a ficou olhando e pensando em sua dor.
- Perdi você! Mas eu prometo que se ela te fizer sofrer, te trago de volta pra mim.

Rosane voltou de suas lembranças. Estava chorando.
- Como está difícil viver sem você, Bella.






JÚLIA

- Mãe, se eu resolvesse me casar de novo, o que a senhora diria?
- Diria que você está louca. Depois de tudo o que você passou com aquele cafajeste...
- Calma mãe! Desta vez é uma pessoa maravilhosa. Honesta, linda, rica, e não é uma mentira. Ela é rica mesmo, acho que mais rica que nós.
- Quem é? Nós conhecemos?
- Vocês a conhecem sim.
- A conhecem? Você quer dizer... A pessoa?
- Não. Eu quero dizer a mulher.
- O que você está me dizendo, Júlia?
- Estou dizendo que estou apaixonada por uma mulher.
- Ah, meu Deus! Você só pode estar doente. Não é possível isso!
- É possível sim. Eu a amo, sou louca por ela! E vou me casar com ela, vocês aceitando ou não.
- Júlia, vou internar você em uma clínica psiquiatra. Minha filha, você não está em seu estado normal. Imagine o que seu pai vai dizer...
- Não me importo! Eu amo Rosane e a quero pra mim. Farei de tudo para que ela se case comigo e não adianta você e meu pai irem contra.
Elas continuaram a discutir, mas Júlia estava irredutível.
Sua mãe saiu do quarto, e Júlia ficou pensando em Rosane, em como faria para que ela esquecesse de vez sua amada Bella.



LAÍS

- Minha filha, desse jeito você vai ficar doente. Precisa comer alguma coisa.
- Eu não quero mãe. Só quero morrer.
- Não diga uma coisa dessas, pelo amor de Deus! Juliana, por favor, tente fazer com que Laís coma alguma coisa.
- Pode deixar, tia. Vou contar uma novidade a ela, e tenho certeza de que isso vai animá-la.
A mãe de Laís saiu do quarto.
- Que novidade?
- Só conto se você comer. Aliás, essa comida está cheirando tão bem, que me deu fome.
- Pare de me enrolar Juliana. Conte logo.
- Coma e te conto.
Empurrando a comida, Laís comeu tudo o que havia na bandeja.
- Pronto. Agora conta.
- Fui convidada para ir à festa de aniversário de Alessandra.
- O que? Por que você foi convidada e eu não?
- Na verdade, eu não fui convidada diretamente. Cássia foi e me convidou para ir. E é claro que eu não vou perder essa festa por nada nesse mundo.
- Onde vai ser a festa?
- Na casa dos pais de Ale.
- Eu quero ir, tente arranjar um jeito pra eu ir também.
- Calma! Acha que eu já não dei um jeito nisso? Falei com Cássia, e pedi a ela para perguntar à Alessandra se havia algum problema em levar duas amigas. E como Alessandra é muito gentil, concordou.
- E essas duas amigas, sou eu e você, certo?
- Certíssimo, amiga!
As duas riram.
Laís não estava mais deprimida, muito pelo contrário, estava animada para a festa.
- Aquela vadia vai ter a maior surpresa da vida dela. Quando é a festa?
- Amanhã, à noite. O traje é esporte-fino. Você tem que estar linda, minha amiga.
- Linda eu já sou! Você quer dizer que tenho que arrasar! Pode deixar comigo. Serei a mulher mais linda dessa festa, e garanto que Alessandra vai se arrepender de ter me deixado para ficar com aquela vagabunda.






BELLA E ALESSANDRA

- Mas Bella...
- Não tem mais, nem menos. É seu aniversário, Alessandra! Você precisa estar linda! Vamos comprar uma roupa nova e chega de discutir.
- Já vi que é melhor eu ficar quieta, não é?
- É.
- Ok. Mas eu posso fazer outra coisa.
- Que coisa?
Alessandra agarrou Bella e a beijou.
- Posso te beijar todinha, te abraçar, tocar seus seios, suas pernas...
- Sim! Isso você pode.
- Claro que eu posso! Você é minha!
Elas foram para o quarto e Alessandra tirou a roupa de Bella.
- Hmmm, Bella! Você está tão... Tão...
- Deliciosa! É isso o que você quer dizer?
- É. Eu fico louca com você.
Elas se amaram.
- Eu te amo, Bella!
- Eu te amo, Alessandra!

CONTINUA...

NOITE DA FESTA

Bella e Alessandra chegam à mansão, onde já havia alguns convidados, amigos e parentes da família.
- Minha filha! Como você está linda!
- Obrigada mãe. Você também! E como sempre, muito elegante.
- Como vai, Bella? – Perguntou a mãe de Alessandra, friamente.
- Estou bem, obrigada. E a senhora?
- Contando com as circunstâncias, estou bem.
Carmen, mãe de Alessandra, não gostava de Bella. Ignorando a presença dela, Carmen levou Alessandra para cumprimentar seus tios e primos. Bella ficou onde estava, não se incomodando com o visível desprezo da sogra.
Um garçom passou servindo canapés e Bella pegou alguns, ela estava com fome. Em seguida, outro garçom servia refrigerantes e ela pegou uma coca-cola.
Bella lembrou-se do dia em que Alessandra a apresentou para os seus pais.

- Bella é a mulher da minha vida, e vamos morar juntas. Pretendemos nos casar na Argentina, em breve.
- Você não acha que está muito cedo para pensar em casamento?
- Não, mãe. Faremos isso assim que eu entrar de férias.
Bella sentiu o olhar de Carmen para ela. Era pesado.
- Alessandra, você sabe que eu adoraria ser avô de um filho da minha filha, mas já que você fez a sua escolha, a única coisa que posso dizer é que você seja muito feliz.
- Obrigada, pai! Eu serei, pode ter certeza.
- Precisamos brindar. Venha comigo, vamos à adega pegar um champanhe.
Alessandra e seu pai saíram, e Bella ficou a sós com a sogra.
- Bella, gostaria de ser muito sincera com você.
- Claro! Sinceridade é sempre o melhor caminho.
- Não aprovo a escolha de minha filha, não acho que você seja a mulher certa para ela.
- E por que não, dona Carmen? A senhora nem me conhece!
- Conheço o suficiente para saber que você não será capaz de fazer minha filha feliz.
Bella não disse nada, ficou escutando o que aquela mulher arrogante estava falando.
- Alessandra teve uma educação para vencer na vida, em todos os aspectos. Social, profissional e emocionalmente. Você não faz parte de nosso ciclo social, sem contar que é uma...
- Prostituta? É isso o que a senhora ia dizer? Se for, não se preocupe, não sou mais uma prostituta.
- Isso não muda nada. Eu sei, todos sabem.
- Alessandra também sabe e não se importa. Aliás, foi assim que nos conhecemos e nos apaixonamos.
- Paixão! Isso é coisa para os medíocres. Diga-me! Quanto você quer para deixar minha filha em paz?
Bella ficou espantada com a pergunta.
- Responda! Peça o quanto quiser, eu pago.


Bella sentiu-se ofendida. Por sorte, Alessandra e seu pai entraram na sala.
- Vamos brindar à felicidade dessas lindas mulheres, que ousam enfrentar a sociedade machista e preconceituosa.
- Que exagero pai!
Ronaldo, pai de Alessandra, serviu as taças de champanhe e, quando foi entregar a taça para Carmen, ela saiu da sala.
- O que houve com ela?
- Não sei, pai.
- Tudo bem! Vamos brindar sem ela.

- Cinco reais por seus pensamentos.
Bella estava sendo abraçada por trás.
- Cinco reais? Acha que meus pensamentos são tão baratos assim?
- Em que estava pensando, que não percebeu minha presença?
- Em nós. Em como eu te amo.
- Também te amo, Bella! Pena que não posso te beijar aqui. Mas podemos resolver isso agora mesmo.
- Resolver como?
- Vamos para um dos quartos.
- Você é maluca.
Alessandra abraça Bella, dando-lhe um beijo no rosto.
- Vem comigo, quero te apresentar para a minha família.
- Isso é mesmo necessário?
- É indispensável!
Bella foi apresentada, muito bem recebida e elogiada!
Aos poucos, mais convidados foram chegando. Bella começava a se sentir mais à vontade, e conversava com os primos de Alessandra. Eles eram engraçados e a fizeram rir.
De repente, Bella vê entrar pela porta, três mulheres. Ela olha para Alessandra.
- Juro que não a convidei!
- E por que ela está aqui?
- Não sei, talvez minha mãe a tenha convidado.
Ah! Claro! A sogra.
- Oi, Ale! Parabéns! – Diz Laís, com uma voz suave e insinuante.
Ela abraça Alessandra e lhe entrega um presente. Alessandra agradece.
Em seguida, é cumprimentada pelas duas mulheres que entraram junto com Laís. Juliana e Cássia.
- Cara! Você está uma gata! Pena que você não faz meu tipo.
- É você quem não faz meu tipo.
Alessandra e Cássia se abraçam. Pareciam ser amigas de longa data.
- Quero te apresentar minha esposa.
Quando Cássia vê Bella, ela fica espantada.
- Oi, Bella. Como vai?
- Bem, obrigada.
Alessandra falou baixinho no ouvido de Cássia:
- Por que Laís veio com você?
- Você deixou.
- Eu deixei?
- Perguntei pra você se poderia trazer duas amigas e você disse que sim, lembra?
- Mas eu não sabia que as duas amigas eram Laís e Juliana. Pô, cara! Você deveria ter me dito.
- Você não perguntou. Desculpe!
- Tudo bem, esquece. Só espero que ela não arranje nenhuma confusão com Bella.
Alessandra aproximou-se de Bella.
- Bella, foi Cássia quem as trouxe. Ela me perguntou se poderia trazer duas amigas e eu deixei, mas não sabia que eram elas. Desculpe.
- Tudo bem, amor. Mas aviso que não vou engolir as provocações dela.
- Laís! Como vai, minha linda?
- Oi, Carmen! Estou ótima, e você?
- Melhor agora, com sua presença.
“Eca”! – Pensou Bella, vendo as duas nojentas se cumprimentando.
- Amor, onde fica o banheiro?
- Vou te levar até lá.
Alessandra entrou no banheiro com Bella e a agarrou.
- Estou louca pra te beijar. Vem cá, minha delícia!
Elas se beijaram. Bella usou o banheiro e voltaram à sala.
O jantar foi servido. Laís não tirava os olhos delas.
- Olha o jeito da prostituta. Está se achando uma princesinha.
- Calma, Laís! Faça de conta que você não está se importando.
- Impossível! Estou com ódio! Era eu quem devia estar ao lado de Alessandra, não ela. Juliana, eu vou matá-la.
- Pára com isso, Laís.
Após o jantar, Bella avisou Alessandra que iria ao banheiro.
- Vou com você.
- Não precisa, agora já sei onde é.
- Precisa sim!
Alessandra deu um sorriso malicioso.
- Então, vem!
Quando elas estavam saindo, a mãe de Alessandra a chamou.
- Filha, venha explicar ao seu tio o que você faz. Já tentamos explicar de todas as formas, mas ele não está entendendo.
- Você está falando do tio André?
- Dele mesmo.
- Ah! Só podia! Coitado! Está cada vez mais esclerosado.
- Não fale assim, Alessandra! Ele está velhinho.
Alessandra olhou para Bella.
- Tudo bem, amor. Pode ir.
Alessandra acompanhou sua mãe, e Bella subiu as escadas. Quando ela estava saindo do banheiro, havia alguém à porta.
- Oi, Bella.
- Oi.
A mulher impedia a passagem de Bella.
- Você pode me dar licença?
- Você não se lembra de mim, não é?
- Deveria?
- Ah, deveria sim! Mas vou refrescar sua memória.
Bella ficou olhando para Cássia, tentando lembrar de onde a conhecia.
- Sabe, eu nunca consegui encontrar uma mulher como você. Até procurei, mas você é sensacional na cama. Imbatível! Você me deixou doida! A mim, e à minha amiga. Lembrou agora?
Sim. Bella havia se lembrado.
- Olha...
- Calma! Não se preocupe. Só queria saber se você lembrava de mim, porque eu nunca esqueci daquela noite. Voltei várias vezes à boate para te encontrar, mas me disseram que você não trabalhava mais lá. E agora, reencontrei você. Que coincidência nos encontrarmos dessa maneira, não acha?
- Por favor, deixe-me passar.
Cássia encostou Bella na parede e passou as mãos em seus cabelos, cheirando-os.
- Hmmm. Seu cabelo é macio e tem um cheiro tão bom!
- Solte-me.
- Só um beijo, Bella.


Cássia a beijou a força. Bella a empurrou.
- Não faça mais isso.
- Desculpe-me! Não resisti. – Falou sorrindo, e soltando Bella.
Bella foi para as escadas e viu Alessandra.
- Tudo bem, Bella?
- Sim. Tudo bem.
- Aconteceu alguma coisa? Você está pálida.
- Não aconteceu nada. Vamos descer?
Alessandra olhou para Cássia, que sorria.
Elas desceram, e se sentaram em um dos sofás. Em outros sofás, estavam Laís, Juliana, Carmen, Simone, cunhada de Alessandra, e duas primas de Alessandra.
- Paris é maravilhoso! Não há lugar mais lindo.
- Concordo com você, Laís. Mas a Suíça é a minha preferida.
- Na verdade, Carmen, todos os países da Europa são lindos. Eu adoro! Estou pensando em passar o Natal em Paris. Vamos?
- Proposta tentadora.
Cássia se reuniu ao grupo.
- Estão falando de que, meninas?
- Dos lugares mais lindos do mundo! Países da Europa.
- Ah! Bom gosto.
Todas falavam de suas viagens a outros países.
- Ale, o que acha da minha ideia de passarmos o Natal em Paris?
- Acho uma ótima ideia.
- Você também vai, não é?
- Eu não.
- Por que não?
- Porque estarei em lua de mel.
Bella sorriu, satisfeita com a resposta de Alessandra. Laís a fuzilou com o olhar.
- E você, Bella? Qual dos países da Europa você gosta mais?
- Acho que cada um tem a sua beleza.
- Você conhece todos?
- Conheço sim.
- Conhece? Você está dizendo que já viajou para a Europa?
- Viajar não é bem a palavra. Eu diria... Navegar.
- Você foi para a Europa de navio?
- Não. Pela Internet.
Todos riram.
- Espirituosa você Bella. Adorei! – Disse uma das primas simpáticas de Alessandra.
Alessandra beijou Bella no rosto. Laís ficou furiosa.
- Sinceramente, não sei como alguém pode viver sem conhecer a Europa. Concorda comigo, Carmen?
- Claro! Não só a Europa. Viajar é uma questão de cultura, não é Laís?
- Com certeza! E isso temos de sobra. Pena não poder dizer o mesmo de algumas pessoas.
Bella estava começando a ficar irritada com essas peruas metidas a bestas.
A conversa continuou. Laís e Carmen, no meio da conversa, soltavam indiretas para Bella, no intuito de humilhá-la.
Cássia não tirava os olhos de Bella, e sorria maliciosamente. Alessandra percebeu, mas não disse nada.
Começaram a falar sobre profissões e carreiras.
- Ah, Carmen! Esqueci de lhe dizer! Papai comprou uma casa onde vou montar meu escritório de Arquitetura. Não é o máximo?
- Parabéns, Laís! É este ano que você se forma, não é?
- É sim. E já comecei a reformar a casa. É linda!
Laís, futura Arquiteta. Juliana, dentista. Cássia, médica. Alessandra, médica. Carmen, empresária. Simone, cunhada de Alessandra, Fisioterapeuta. As primas de Alessandra, uma delas Advogada, a outra, Engenheira.
- Prima, nós poderíamos fazer uma parceria no meu escritório. Eu como Arquiteta e você como Engenheira.
- Prima?
- Oh! Desculpe! Força do hábito.
- Laís, seria bacana, mas acho que não daria certo.
- Por que não?
- Porque sou Engenheira Química.
Todas gargalharam.
- Ah! Pensei que você fosse...
- Não sou.
Laís estava sem graça, mas não perdeu a pose.
- E você, Bella? Qual a sua profissão?
- Estudante. Estou cursando Psicologia.
- Mas você trabalhava, não é?
- Sim. Trabalhava, agora só estudo.
- E qual era a sua profissão mesmo?
- Laís, pare com isso.
- Por que, Ale? Estamos falando de nossas profissões e carreiras. Gostaria de saber em que Bella se especializou.
- Sei exatamente o que está tentando fazer e quero que pare agora.
- Não vai responder, Bella?
- Vou responder sim, Laís.
- Não, Bella. Você não precisa.
- Tudo bem, amor. Eu me especializei em fazer pessoas infelizes a serem felizes. Por exemplo: Alessandra. Ela não era feliz e agora é. Por isso resolvi fazer Psicologia. Para ajudar as pessoas a se encontrarem, e escolherem o verdadeiro caminho para a felicidade. Depois que eu me formar, terei um imenso prazer em recebê-la em meu consultório. Garanto que posso te ajudar a encontrar a sua felicidade, Laís.
Laís se levantou.
- Quem você pensa que é, para falar assim comigo?
Bella também se levantou.
- Oras! Eu só respondi à sua pergunta.
- Você é uma...
Alessandra se levantou.
- Acho melhor você parar com isso. Não quer estragar a minha festa, não é, Laís?
Laís se sentou. Bella pediu licença e saiu, acompanhada por Alessandra. Foram para varanda.
- Desculpe, Bella.
- Por que está se desculpando?
- Por Laís.
- Não precisa se desculpar, eu estou bem. Ela não conseguiu o que queria, ok?
- Você é maravilhosa! Inteligente, segura, linda!
- Eu sei.
Alessandra olhou para os lados, e beijou Bella na boca.
- Vai demorar muito para irmos para casa?
- Tenha mais um pouco de paciência.
- Vou tentar. Juro que vou tentar.
Elas se beijaram mais uma vez e voltaram à sala. Ficaram longe de Laís.
Carmen se aproximou delas.
- Filha, amanhã faremos churrasco e vamos continuar sua festa.
- Sério?
- Claro que é sério! Você vem, não é?
- Tenho escolha?
- Não. Esteja aqui às 11 horas.
Depois de mais de uma hora, elas foram para casa. Estavam na cama.
- Quer dizer que amanhã você vai ao churrasco de sua mãe.
- Nós vamos!
- Eu não fui convidada. Ela foi muito clara ao dizer “você vem, não é?”.
- Mas ela sabe que aonde eu for, você irá comigo, portanto, você está convidada sim.
- Temos que ir mesmo?
- Temos, Bella.
Bella bufou.
- Bella, quero te perguntar uma coisa.
- Pergunte.
- O que houve entre você e Cássia?
- Por que está me perguntando isso?
- Porque percebi que você estava nervosa quando saiu do banheiro. E ela ficou te olhando durante toda a festa.
Bella se levantou.
- Realmente preciso te dizer uma coisa.
- Eu sei. Diga.
- Quando eu ainda trabalhava na boate e fazia programas, Cássia e uma amiga foram lá.
- E?
- E eu saí com elas.
- Saiu como?
- Você sabe como, Alessandra.
- Você está me dizendo que transou com Cássia e uma amiga? Com as duas ao mesmo tempo?
- Sim.
Alessandra levantou-se da cama, estava furiosa.
- Por que nunca me contou isso?
- Porque não lembrava, porque não tenho que te contar sobre todas as pessoas com quem transei.
- Tem que me contar, sim. Ela sabendo quem você é, e eu passando por chifruda.
- Alessandra, por favor. Isso aconteceu há muito tempo, nós nem nos conhecíamos ainda.
- Cássia é minha amiga, e saiu com a minha mulher.
- Eu não era sua mulher quando saí com ela.
- Não importa! Ela teve você. O que conversaram no banheiro?
- Não conversamos no banheiro. Eu estava saindo e ela estava na porta.
- Sim, e o que aconteceu?
- Nada.
- Bella!
- Ale, por favor, vamos esquecer de Cássia.
- Conte o que aconteceu.
Bella estava com medo de contar à Alessandra que Cássia a beijou a força. Não sabia qual seria a sua reação.
- Estou esperando, Bella.
- Está bem, eu vou te contar, mas por favor, não fique zangada.
- Conte.
Bella contou.
- Filha da...
- Calma, Ale! Eu a empurrei, e dei-lhe uma bronca.
- Uma bronca? Ela merecia uma porrada.
- Desculpe.
Bella abraçou Alessandra.
- Esquece a Cássia. Ela não é nada pra mim.
Alessandra estava muito irritada.
- Você deveria ter me contado que ela te beijou, eu a teria esmurrado na mesma hora. Eu fiz papel de idiota, e ela deve estar rindo de mim agora.
- Ale... Eu nem me lembrava dela.
- Mas ela lembrou de você. E te beijou! Beijou a minha mulher, na minha própria casa.
- Perdão. Eu não sabia que...
Alessandra pegou nos braços de Bella e apertou.
- Preste atenção, Bella. Não vou admitir que você minta pra mim, que esconda coisas e pessoas do seu passado. Você entendeu?
- Pare, Ale! Você está me machucando.
- Entendeu, Bella?
- Entendi.
Alessandra soltou os braços de Bella, e deitou-se.
Bella se deitou também, e quando foi beijar Alessandra, ela não deixou.
- Ale?
- Hoje não, Bella. Hoje não.
Bella compreendeu a reação de Alessandra. Mas era ciúmes apenas?
"Por que eu tinha que encontrar Cássia justamente na casa dos pais de Alessandra? Às vezes, o destino é muito cruel e zombeteiro. Rosane, você tem razão. Este mundo é muito pequeno mesmo”.

CONTINUA...


RM

"Qualquer semelhança com nomes e acontecimentos, terá sido mera coincidência. Não são fatos reais”.

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